
Nessa hora homens adultos começam a cortar com lâminas afiadas as costas, ombros, tórax e pernas dos próximos futuros homens adultos. Acredita-se que o sangue que escorre das feridas está ligado ao sangue menstrual, naquela cultura isso significa que ele deve ser eliminado daqueles corpos para prevenir o envelhecimento precoce daqueles novatos. Grandes flautas e apitos ressoam durante toda a cerimônia de corte da pele. Esses sons são a voz do crocodilo ancestral, que devorou os noviços e deixou as marcas de seus entes na pele deles. Então os meninos são lavados no rio e suas feridas untadas com um óleo especial. Aplicações diárias com certas plantas são feitas com o objetivo de aumentar o inchaço dos cortes. Após vários dias as cascas são retiradas e os noviços devem observar uma série de tabus alimentares durante todo o período de cicatrização (por exemplo, não comer enguias). Em seguida a um forma de confissão de suas faltas passadas aos anciãos da aldeia, os noviços serão informados sobre seu povo, as leis da comunidade, a história do clã e certos mitos ancestrais, assim como seu futuro comportamento e responsabilidades dentro do casamento. A cerimônia de iniciação termina com um banho ritual no qual o iniciado é esfregado com folhas especiais. A iniciação é um segundo nascimento simbólico e integra os homens jovens no clã de seus pais, além de criar um elo entre as gerações. O homem jovem iniciado pode agora entrar na Casa dos Homens, casar-se e ter filhos. Eles ostentam orgulhosamente as cicatrizes deixadas pelo grande crocodilo ancestral. Marcas que os identificam para sempre como homens-crocodilo (1).
Nota:
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1. Mayer, Anthony JP. Art Océanien. Paris: Librairie Gründ, Volume 1, 1995. Pp. 232-3.