
e me exclui enquanto mulher,
tudo ao mesmo tempo”
Janine Antoni
artista plástica
artista plástica
Em 4 de julho de 1965, durante o Perpetual Fluxfest em Nova York, Shigeko Kubota colocou uma folha de papel no chão. Agachando-se sobre ele, começou a pintar com um pincel que anteriormente havia prendido em sua calcinha. Movendo-se sobre o papel, ela mergulhou o pincel em tinta vermelha para produzir uma eloqüente imagem gestual que amplificava os atributos sexuais femininos e funções corporais, redefinindo a action painting em função dos códigos da anatomia feminina. Chamou-a Vagina Painting, Pintura Vaginal (imagem acima).


“Seus colegas homens odiaram
a peça, apesar de celebrarem [...]
a utilização que Yves Klein fez de
mulheres nuas enquanto ‘pincéis
vivos’ em 1959. Mulheres enquanto
pincéis de artistas, mulheres
fetichizadas enquanto pênis foi
aceitável, até mesmo chique. Mas
mulher com pincéis era de alguma
forma mulher com pênis [...] -
certamente não artístico” (3)
De fato, utilizando seu corpo – especificamente seu sexo -, Kubota produz uma paródia da utilização que Yves Klein fez do corpo feminino (imagem acima, onde os próprios corpos das mulheres eram os pincéis). Por tabela, questiona o papel da pintura ejaculatória de Jackson Pollock, herói da action painting (no centro, à direita). Sua performance também ativa a vagina como uma fonte de inscrição e linguagem, invertendo a classificação cultural ocidental da genitália feminina como um ponto de falta (falta do pênis) e o lugar onde a linguagem não é possível (4).
Notas:
1. STILES, Kristine. Between Water and Stone – Fluxus Performance: A Metaphysics of Acts IN WARR, Tracey; JONES, Amelia. The Artists Body. London: Phaidon, 2000. P. 211.
2. Ibidem.
3. SCHNEIDER, Rebecca. The Explicit Body in Performance. New York: Routledge, 1997. P. 38.
4. WARR, Tracey: JONES, Amelia. Op. Cit., p. 63.