A Tendência Expansionista (e o Futuro Mercado de Armas?)

Entretanto, já em 1590, nem mesmo nos primeiros assentamentos da colonização britânica da América do Norte havia um consenso sobre isso (1). Por outro lado, alguns acontecimentos deixaram claro que se a Inglaterra desejava competir pelo controle internacional nessa época, deveria desenvolver exércitos altamente treinados e organizados segundo o modelo da Europa continental.
A Inglaterra concluiu que deveria aderir àquela corrida armamentista. A França e a Espanha haviam aderido às armas de fogo, o que significava que seus exércitos passariam a ser reconstruídos a partir de soldados profissionais que necessitavam de anos de treinamento. Na Inglaterra, ainda existia uma visão medieval do cidadão-soldado sem treinamento especializado (daí o sucesso do arco e flecha), defendendo uma ilha isolada. Portanto, uma postura expansionista naquele momento, significava (esse era o debate) maior competitividade militar. Mas os Ingleses que defendiam esse expansionismo compreendiam as limitações das novas armas. Todo o debate girava em torno do fato de que se propunha substituir o arco e flecha em uma época onde ele ainda era uma arma superior.
A Arma e a Conquista da América do Norte

Foram dois mortos e um gravemente ferido, e o restante dos Mohawks fugiu. Passariam décadas antes que outros europeus pudessem aterrorizar tanto os índios novamente com armas de fogo. Depois dessa fase, a resistência ao europeu aumentaria, uma vez que os índios finalmente perceberam que os estrondos e explosões das armas de fogo não eram a voz de nenhum espírito. (2).
É uma crença estabelecida que, no início da conquista das Américas, as armas de fogo significavam uma vantagem tecnológica que os índios nunca poderiam superar. Na verdade, armas de fogo eram curiosidades raras no século 16 quando a Espanha conquistou o México e grande parte da América do Sul. Elas também apareceram em números muito pequenos entre ingleses, holandeses e franceses no século 17, quando essas nações estabeleceram suas primeiras bases na costa leste da América do Norte. As armas de fogo não dominariam a guerra no Ocidente até o século 19. A supremacia européia também foi causada por: elemento surpresa, controle político centralizado, uma disposição para matar inocentes, superioridade de transporte, epidemias e muitos imigrantes. Ainda que as armas de fogo fossem chamadas de “milagre da cristandade” por um arcebispo inglês, elas estavam bem no fim da lista de vantagens gozadas pelos europeus (3).
Naquela época, talvez pela demorar em recarregar e falta de precisão de tiro, as armas de fogo eram mais efetivas para a defesa. Como os europeus queriam colonizar e não apenas conquistar, construiu-se muitos fortes, o que maximizava o uso das armas. Entretanto, as armas de fogo eram mais significativas como objetos de troca com os índios. Houve uma mudança na relação entre os índios armados e seus inimigos tradicionais. Ainda se afirme que a letalidade que alcançaram tinha mais a ver com os novos métodos do que com o material. Como ocorreu na Europa, a introdução das armas de fogo implicou uma mudança de ponto de vista no que diz respeito ao campo de batalha. A organização mudou ou, diriam alguns, ela finalmente chegou.
Notas:
Notas:
1. BELLESILES, Michael A. Arming America. The Origins of a National Gun Culture. New York: Alfred A. Knopf, 2000. P. 23 e 26.
2. Idem, pp. 40 e 45.
3. Ibidem, 41.