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Roberto Acioli de Oliveira

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4 de mai. de 2009

As Mulheres, Entre Ocidente e Oriente (I)



“Por que Deus fez
o homem primeiro?
Ele não
queria
uma mulher
dando palpite”




Relativismo Cultural

Segundo a postura do Relativismo, as pessoas de uma cultura não podem utilizar seus próprios pontos de vista para questionar a “validade ética” de costumes praticados por uma outra cultura. Para além do fato de que somos todos seres humanos, a visão de mundo de um grupo social não poderia ser considerada “mais humana” do que a de outro grupo – e portanto não poderia ser utilizada para estabelecer o que é certo e o que é errado para todos os outros grupos -, não importando em relação a que costume se esteja elogiando ou criticando. Hábitos que são normais em certas culturas, como, por exemplo, fazer guerra de comida em programas televisivos ocidentais, é considerado um sacrilégio para os árabes. Nem por isso ouvimos países árabes questionando a humanidade de pessoas que no Ocidente cristão utilizam comida para isso.

A pergunta que se pode fazer é, seria o universal uma invenção européia? Critica-se a infibulação das mulheres nas culturais não ocidentais, mas porque a ONU não toma medidas mais enérgicas para dar um fim à indústria armamentista em nome da preservação de direitos universais? Porque a ONU não questiona a crueldade, a pusilanimidade, dos valores norte-americanos que preservam a todo custo o que eles chamam de “direito de cada cidadão possuir uma arma de fogo”?

“Por que as mulheres têm
seios? Assim os homens
falam com elas”


Nas sociedades que compõem a cultura Ocidental não há infibulação, mas por um bom número de séculos a mulher casada que esboçasse algum prazer sexual era vista como prostituta. Onde está a lógica ao se censurar outra cultura por desumanidade quando somos piores que eles (mesmo não obrigando à infibularem-se as mulheres)? Claro, essas mulheres sofrem. Para elas o Ocidente significa liberdade. Não poderia censurá-las por nos considerar um mundo livre. Mas... sabemos que não somos! A propósito, não é no Ocidente que acontecem cirurgias de reconstituição do hímem?

Tudo aqui gira em torno de uma misoginia sufocante. A burka, aquele capuz que as mulheres são obrigadas a usar em alguns países muçulmanos, é apenas um dos exemplos. Nos países muçulmanos em geral, a vida das mulheres está nas mãos dos homens. Literalmente, elas podem ser assassinadas caso desobedeçam a certos mandamentos de Alá, o misericordioso. Mulheres e meninas não freqüentaram escolas enquanto o Talibã dominou o Afeganistão (não que isso seja possível caso seus inimigos consigam expulsá-los do poder). (imagem no início do artigo, Toilet, de Fernando Botero, 1989; imagem acima, Alegoria com Vênus, de Agnolo Bronzino, 1545; ao lado, A Bela Rosina, de Antine Wiertz, 1847)

“Como você faz sua esposa gritar
por uma hora depois do sexo?
Limpa seu bilau [pênis] na cortina”




O exemplo do tratamento dado aos terroristas que se explodem também é bastante didático. Uma revisão mais cuidadosa das reportagens e comentários da mídia mostraria claramente a ênfase no detalhe das 72 virgens que estariam à espera dos Shahid quando adentrassem o paraíso (quando explodissem). Desqualificou-se o heroísmo e o altruísmo do ato de suicidar-se, sugerindo ser pueril e/ou libidinoso o objetivo que moveu os terroristas-suicidas (1) (a não ser que o suicida seja um Ocidental lutando pelo governo). Ora, o comentário é feito decididamente a partir da visão que o Ocidente construiu sobre as mulheres e a virgindade. Entrementes, apesar de todos os avanços, sabemos que, da mesma forma, a mulher no Ocidente ainda é basicamente um objeto. Cabe perguntar então, por que a mãe de Jesus era virgem? Seria uma... exigência, um costume baseado na discriminação? O que significa uma virgem para o islã, alguém se perguntou? (2)

Notas:

1. Sobre o papel de subserviência da mídia, internacional e nacional, às diretivas do governo norte-americano nesse caso, duas fontes interessantes são os artigos “De olho na imprensa” e “A escória da mídia”. Ambos no suplemento especial “Por trás da guerra”, de dezembro de 2001, da Revista Caros Amigos. Pp. 33-35.

2. Um grupo de mulheres afegãs afirmou que nada vai mudar depois que o Talibã sair do poder, abrindo espaço para a Aliança do Norte. Nada vai mudar, entenda-se, para a condição feminina. Rawa: 'Os crimes dos Talibãs são os mesmos da Aliança do Norte', quinta-Feira , 22/11/2001 - 14h49m - GloboNews.com

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