A obra de Veruschka desconstrói sua
identidade como ser humano e como
“cabide”fotográfico do mundo da moda
identidade como ser humano e como
“cabide”fotográfico do mundo da moda
Vera Lehndorff, conhecida na década de 60 do século passado como Veruschka, foi uma famosa modelo. Podemos vê-la em ação atuando como ela mesma no único filme do cineasta italiano Michelangelo Antonioni que deu lucro nas bilheterias, Blow Up, Depois Daquele Beijo (Blow Up, 1966). Formada em Arte, ela retornaria à pintura nos anos 70. Como tela Veruschka escolheu seu próprio corpo e explorou através dele os diferentes tipos de camuflagem dos reinos animal e mineral. Certo dia, ela estava num terraço olhando para algumas grandes pedras. Então pintou sua cabeça nas cores dessas pedras e se fez fotografar. Como definiu a própria Veruschka, “logo eu comecei a me pintar como diferentes animais e plantas, sabendo que eles freqüentemente são mais lindos do que nós. A nudez da pele humana sempre me perturbou. Pintando-me eu podia criar a ilusão de ter penas, pelugem, escamas ou folhas... Camuflar-me também me fazia sentir que o público não poderia me pegar tão facilmente” (1).
Entre 1969 e 1970, seguindo em frente com seu projeto, Veruschka trabalhou com o fotógrafo alemão Holger Trülzsch para produzir uma série de imagens a partir de pinturas feitas diretamente sobre seu corpo nu e que tinham a camuflagem como tema. Inicialmente, copiaram alguns padrões perturbadores de camuflagens presentes em pássaros e antílopes. Então incorporaram elementos feitos pelo homem como estátuas da Renascença cheias de musgo e grama. Até que finalmente embarcaram num projeto mais surreal, quando o corpo de Veruschka foi pintado para se confundir com partes de edifícios ou construções. A pele dela se fundia com o gesso que rachava e se desintegrava de uma parede e de uma janela encharcada, ou ainda como uma porta enferrujada de fábrica, com seus parafusos e canos de ferro.
Nota:
Yasuzo Masumura e os Olhos nos Dedos
Wim Wenders e o Vídeo no Cinema
Arte do Corpo: Cindy Sherman, Carolee Schneemann, Yoko Ono, Shigeko Kubota, Jan Saudek, HR Giger, Leigh Bowery
Pasolini e o Sexo Como Metáfora do Poder (I)
1. NEWARK, Tim. Camouflage. London: Thames & Hudson, 2007. P. 167.